Sexta-feira, 9 de Março de 2007
SENTENÇA JUSTA

Certa vez, um homem pobre parou ao meio-dia para descansar debaixo de uma árvore, sob uma bela sombra. Pelo jeito ele vinha de uma longa caminhada, sem um tostão no bolso, pois vivia de esmolas; para almoçar, apenas um pedaço de pão duro.
Do outro lado da rua, havia uma padaria que distribuía pelo ar o maravilhoso aroma dos deliciosos pães quentinhos, pastéis e bolos.
O homem, enquanto mascava o seu pedaço de pão, suspirava de prazer ao sentir o aroma que vinha da padaria. Quando o homem se levantou para seguir caminho, subitamente, o padeiro saiu correndo do seu estabelecimento, atravessou a rua furioso e agarrou o homem pelo colarinho.
Gritava o padeiro:
- Espera aí, tens que pagar pelo que levastes!
O homem espantado, respondia:
- O que é isso seu maluco, eu nem toquei nos seus pães!·
O padeiro gritava:
- Seu ladrão, é óbvio que saboreaste o teu pão duro bem melhor, sentindo o delicioso aroma que saia da minha padaria. Não sais daqui, enquanto não pagares pelo que levaste. Eu não trabalho à toa, seu... vagabundo... tens que pagar pelo que roubaste, seu vagabundo...
Na rua, entre a frente da padaria e a árvore, começou a formar-se uma multidão de pessoas. Nesse momento alguém gritou: - Vamos levar esse caso para ser resolvido com o juiz local. Ele é um homem sábio e saberá exactamente a sentença a ser decretada.
O juiz ouviu os argumentos do padeiro, analisou e depois decretou a sentença:
- Está certo, este homem, sem pedir a sua autorização, saboreou os frutos do seu trabalho. E o valor que ele deve pagar, pelo consumo do aroma dos seus pães, pastéis, bolos, etc., são catorze moedas de ouro.
- Isso é um absurdo, esbracejou o homem, e além disso, não tenho um único centavo no bolso, quanto mais moedas de ouro.
Disse o juiz:
- Ah... Nesse caso, vou ajudá-lo. O juiz tirou as catorze moedas de ouro do bolso. Nesse momento, o padeiro, com aquele olhar de superioridade e com toda a arrogância do mundo, olhou para o homem pobre, sorriu e logo avançou para pegar as moedas das mãos do juiz.
Disse o juiz: - Calma, espere que ainda não conclui. Disse que este homem, somente sentiu o aroma dos seus pães, pastéis, bolos, etc. não é?·
– Sim, isso mesmo. Respondeu o padeiro.
- Mas ele não engoliu nem um pedacinho?·
- Já lhe disse que não, senhor.
- Nem provou nem um pastel?·
– Não!·
- Nem sequer tocou nos pães e nos bolos?
- Não!
- Então, já que ele consumiu apenas o aroma, o senhor será pago apenas com o som destas moedas. Abra os ouvidos para receber o que merece. O sábio juiz jogava as moedas de uma mão para outra, fazendo aquele barulhinho característico das moedas de ouro, bem perto das gananciosas orelhas do arrogante padeiro.
O juiz continuou decretando a sentença:
- Se tivesse o mínimo de bondade no seu coração, ao invés da ganância, certamente ajudaria este pobre homem, ao ver que ele mastigava apenas um pão duro. Entretanto, na verdade, deveria ter levado para ele um dos seus pães novinhos e cheirosos, talvez até mesmo aquele pão que no final do dia iria sobrar, aquele que não venderia. Se assim tivesse agido, certamente, até ganharia recompensas muito maiores que qualquer moeda de ouro, e não esta recompensa sem sentido que está querendo aqui na minha frente. Ganharia grandes recompensas da vida, aquelas que valem mais do que ouro, e até a recompensa mais linda do mundo...
A grande recompensa de Deus.
Deus nunca abandona, quem ajuda o seu próximo.
