Não precisa desistir.
Nos momentos de dúvidas e de temores, desvie a sua rota para um porto seguro, onde possa reabastecer a sua fé e confiança em cada dia.
Cuide de permanecer o tempo em que os sonhos não adormeçam ou que você possa esquecer de sonhá-los.
Atrás das nuvens serenas, quando o sol anunciar presença, é chegada a hora de seguir viagem.
Corajosamente, assuma o leme, o norte, a vontade, a sorte.
Com suavidade, deixe-se guiar pelos sonhos, por alegres brisas marinas, no relógio cósmico da vida.
Tudo existirá como em seu sonho ou como em outros antes de você.
Não havia ali lugar para o ódio...
Foi o que aprendeu com a Lina.
Conta-se que certa ocasião, um imperador alemão realizou uma visita a uma das mais afastadas províncias dos seus domínios.
Passando por uma pequena escola, situada à beira da estrada por onde passava, numa zona rural, resolveu interromper a viagem e visitar os alunos.
Professores e crianças receberam-no com emoção, respeito e carinho.
No meio de tanto entusiasmo, houve quem improvisasse um discurso para saudar
a ilustre personagem.
O imperador ficou surpreso e feliz com a recepção.
Percebendo que a classe era viva, inteligente e desinibida, sentiu-se muito à vontade entre os alunos.
Depois de os ouvir cantar, declamar, discursar, ele resolveu se divertir um pouco com eles.
Pediu ao seu secretário que lhe trouxesse uma laranja e, mostrando-a aos meninos e meninas, perguntou:
"Qual de vocês é capaz de me responder a que reino pertence esta fruta que
tenho na mão?"
"Ao reino vegetal." - respondeu de imediato uma menina risonha, de olhos
brilhantes e muito comunicativa.
"Surpreendente!" – disse o imperador. E continuou:
"Já que respondeste com tanta precisão, vou fazer duas outras
perguntas. Espero que respondas correctamente. Se me responderes
sem hesitar, eu dou-te uma medalha como prémio. Aceitas o desafio?"
"Aceito, sim senhor." - falou prontamente a menina.
Então, colocando a mão no bolso de sua farda, tirou uma moeda e a mostrou à
menina, indagando:
"E esta moeda – a que reino pertence?"
"Ao reino mineral." - disse ela.
"E eu, a que reino pertenço?" Questionou o imperador.
Houve um rápido momento de silêncio. Os colegas se entreolharam. A menina apagou o sorriso alegre. Ficou séria e constrangida. Ficou preocupada em ofender o imperador, dizendo que ele pertencia ao reino animal. Mas, afinal, a resposta seria a correcta. Contudo, pensava, poderia perder a medalha e até ser repreendida.
Então, de repente uma resposta lhe veio à mente. Seus olhos voltaram a brilhar, um sorriso iluminou a sua face e ela respondeu, alto e claro: "o senhor pertence ao reino de Deus!"
A resposta da menina causou admiração entre os colegas, professora e toda a comitiva que acompanhava o imperador.
Foi, no entanto, o próprio imperador que mais se sentiu tocado pela resposta afirmativa da menina.
Com voz embargada, entregou a medalha prometida e, emocionado, falou:
"Espero que eu seja digno desse reino, minha filha!"