Primavera é quando, num pedacinho da Terra, as flores se abrem,
o sol fica mais forte e a vida fica mais alegre.
Quando, num canto da Terra, se faz primavera, nos outros cantos se faz verão, inverno e Outono.
Das quatro estações, a primavera é a mais bonita, porque dá novas cores à terra, perfuma o ar e contagia os corações sensíveis com sua alegria.
A primavera é uma boa época para renovar o espírito, assim como as flores se renovam.
E de colher os frutos e semear a terra.
Semear a terra sempre, pois isso significa mantê-la sempre fértil.
E de terra fértil, sempre brota a vida.
Bom seria se a primavera acontecesse o tempo todo, em todos os corações
humanos... florescendo, enfim, na forma de actos, palavras e
pensamentos, sempre positivos...
Se cada ser vivente, fosse como uma flor, bela, pura e
cheirosa, toda a Terra viveria uma eterna primavera...
Depende de cada um, fazer do próprio coração, a terra...
semeá-lo e cuidá-lo, para cultivar o espírito da primavera, todo o tempo...
em qualquer estação...
Numa caverna escura, onde a claridade nunca surgira, vivia um homem muito simples que implorava o socorro divino.
Declarava-se o mais infeliz dos homens, não obstante, em sua cegueira moral, sentia-se o melhor de todos.
Reclamava do ambiente fétido em que se encontrava.
O ar pestilento o sufocava.
Pedia a Deus uma porta libertadora que o conduzisse ao convívio do dia claro.
Afirmava-se robusto, apto, capaz.
Por que motivo era conservado ali, naquele isolamento doloroso, em atmosfera tão insuportável?
As suas súplicas, entre a revolta e a amargura, foram percebidas por Deus que, profundamente compadecido, lhe enviou a fé.
A sublime virtude exortou-o a confiar no futuro e a persistir na oração.
O infeliz consolou-se mas, logo em seguida, voltou a lamuriar-se.
Queria fugir, desistir, abandonar a vida, e como as suas lágrimas aumentavam, Deus mandou-lhe a esperança.
A emissária divina afagou-lhe a fronte e falou-lhe da eternidade da vida, tentando secar-lhe o pranto desesperado.
Pediu-lhe que tivesse calma, resignação e fortaleza.
O pobre homem pareceu melhorar, mas, decorrido algum tempo, voltou à lamentação.
Comovido, o Senhor da Vida determinou que a caridade o procurasse.
A nova mensageira acariciou-o e alimentou-o.
Endereçou-lhe palavras de carinho e amparou-o, como se fosse abnegada mãe.
Todavia, o infeliz persistia gritando, revoltado.
Foi então que Deus lhe enviou a verdade.
Quando a portadora do esclarecimento se fez sentir na forma de uma grande luz, o infortunado, pela primeira vez na vida, viu-se tal qual era e apavorou-se.
Seu corpo estava coberto de chagas, da cabeça aos pés.
Agora, somente agora, ele percebia, espantado, que ele mesmo era o responsável pela atmosfera intolerável em que vivia.
Tremeu cambaleante e horrorizou-se de si mesmo.
Sem coragem de encarar a sublime visitante que lhe abria a porta da libertação, fugiu apavorado, em busca de outra furna onde conseguisse esconder a própria miséria que só então reconhecia.
Assim ocorre com a maioria dos homens perante a realidade.
Sentem-se com direito a receber todas as bênçãos do pai eterno e gritam fortemente, implorando a ajuda celestial.
Enquanto amparados pela fé, pela esperança ou pela caridade, consolam-se e desesperam-se, crêem e descrêem, tímidos, irritadiços e hesitantes.
Quando a verdade, porém, brilha diante deles, revelando-lhes a real condição em que se encontram, costumam fugir apressados, em busca de esconderijos, nos quais possam cultivar a ilusão.
...............
Numa ocasião Jesus disse que somente a verdade fará livre o homem.
Habituemo-nos, pois, à sublime luz da verdade, reconhecendo em nós mesmos as causas das nossas desditas e buscando, corajosamente, meios de alcançar, demodo definitivo, a nossa libertação.